quarta-feira, 28 de abril de 2010

To be or not to be

     Ahhh... Eu preciso escrever um pouco e já estava mais do que na hora. Hoje, a exaustão bateu mais forte do que vinha batendo nos últimos dias e, com o cansaço, a vontade de continuar de pé carência. Nesses momentos, me vem à mente a mesma pergunta que me faço todos os dias, apesar de sempre tender para o mesmo lado no final do dia: “Terminar esse período de seis meses aqui e continuar no Brasil ou completar os outros cinco anos e meio que pretendo ficar aqui?”.


     Acho que não teve nenhum dia que essa pergunta não me veio a cabeça, mas acho também que todas as vezes minha decisão foi de continuar aqui. Veja bem, penso que todos concordariam comigo: Para esses próximos seis anos ficar no Brasil seria a escolha mais lógica, porém, para os anos seguintes, (e eu estimo viver até os 200 anos. E sem contar com os anos que meus filhos e netos desfrutariam de tudo) seria melhor eu ter passado por esse percurso que eu, de improviso, aqui planejei. Decidir largar essa doideira toda seria uma decisão imediatista e um tanto imatura.

     Porque diabos então eu continuo com a dúvida na minha cabeça? Para falar a verdade, a dúvida me tortura mais do que as conseqüências. Porra, fala sério! Eu to em Londres, vi o musical com o roteiro original do hair, conheci quase todos os pontos principais dessa cidade, conheci Liverpool, Oxford e Bath, conheci ingleses, portugueses, nigerianos, angolanos, indianos, turcos, paquistaneses, bengaleses (Bangladesh), cingaleses (Sirilanka). Experimentei várias cozinhas diferentes, até comida vietnamita e uma feijoada angolana eu comi, experimentei várias cervejas, passei meu aniversário num pub. Porra, eu fui no “cavern club”, velho! Aprendi sobre o sistema de educação do UK, vi que é possível entrar em universidades como Oxford, as vezes até mesmo mais fácil do que alguns cursos no Brasil. Praticamente dominei o inglês, amadureci um bucado em relação à várias paradas, estudei de graça matérias como negócios, serviço financeiro, marketing, fluxo de caixa, SWOT analysis (ou FOFA em português). Desmitifiquei o mito de que nenhuma outra mulher não brasileira não pode ser gostosa, não engravidei ninguém. Tenho total liberdade e autonomia, relativa certeza que não vou ser assaltado ao sair de casa, relativa certeza que meu ônibus ou metrô vai chegar e relativa certeza de que não vou ouvir funk nas ruas. Leio mais do que eu lia no Brasil, tenho mais vontade de tocar violão do que tinha no Brasil, tenho um blog, escrevo, tenho mais tempo pra refletir, pensar e rever milhares de assuntos. Pretendo ir ao Show do Mark Knopfler, pretendo ir ao show do Eric Clapton e pretendo ver muito mais.

     Isso tudo significa duas coisas: A primeira é que apesar de um ou outro tópico relevante que literalmente me derruba, eu tiro bastante proveito daqui e viver aqui não é tão ruim como eu deixei parecer. A segunda, e que aponta para a direção oposta, a minha passagem pra cá já valeu a pena e vim para cá não seria um arrependimento se eu mudasse minha cabeça e voltasse a pegar uma praia todo final de semana.

     Ainda nada é muito conclusivo e acredito que nem vou conseguir muita coisa por enquanto, mas preciso matar essa questão de uma vez por todas.

     Outro ponto que eu levo em consideração é o profissional, que com certeza pra mim é o mais obscuro, por exemplo, se eu ficar aqui, cursarei Economics&Management em Oxford (deixando bem claro que eu não levo em consideração a chance de falha porque eu não vou falhar) e depois daí estarei feito. Ou não? Bom, qual é? É Oxford, se eu fizer Oxford arranjo emprego em qualquer lugar, né? Mas espera ai, se eu fizer Oxford eu não vou pensar em ser empregado, me desculpe. Falando desse modo, até parece abusivo com a classe trabalhadora, mas uma pessoa que cursa em uma universidade dessas não tem possibilidade de pensar muito maior do que trabalhar para alguém, pode assumir um patamar muito mais alto. Isso tange um outro ponto: “Será que eu vou querer o estresse de administrar uma empresa? Ou será que eu prefiro o estresse de trabalhar para uma?” Depende da empresa, depende do trabalho.

     Tudo depende de muita coisa, e por mais que eu pense e escreva páginas e páginas no meu blog, eu não vou descobrir isso por agora, minha vida NÃO está TRAÇADA, graças aos deuses, mesmo assim, vamos continuar analisando, se você leu até aqui, vai ler até o final, tenho quase certeza.

     Falando ainda na área que diz respeito à profissão, se eu voltar, eu não faço a mínima Idea do que eu faria, não tenho vontade de fazer nada. Ser um engenheiro e ficar desenhando planta para alguém? Fazer letras, história, geografia ou qualquer outra matéria como essas e dar aula? Qualquer coisa que envolva computador, que conseqüentemente envolve programação, e ficar olhando por vírgulas num sistema complexo pra caralho para descobrir onde esta a merda do problema que há dias eu to procurando? Economia e fazer, bom, sei lá? Ainda talvez eu possa explorar um pouco nessa área, achar alguma coisa para eu fazer lá, mas primeiro, eu preciso resolver esse dilema.

     Será que eu preciso mesmo de resolver isso primeiro? Ou será que se eu resolver isso primeiro poderia solucionar o meu problema? Porque se eu optasse em resolver o que fazer no Brasil já significaria ter escolhido o Brasil, portanto já seria a resposta para o dilema mor, mas seria uma resposta sem ter pensado sobre a alternativa de continuar aqui, sem ter balanceado entre aqui e lá. Puta que pariu, em vez de eu estar pensando numa solução, eu estou arranjando problema.

(Após de alguns minutos pensando...)

     Quem pensa demais em duas alternativas esquece as outras. Porque não fazer igual muita gente me aconselhou e eu não dei ouvidos? (talvez tenha dado, talvez eu só tenha esquecido o motivo agora) Porque não pensar em fazer um mestrado aqui e graduar ai primeiro? Ok, então agora são três alternativas: “Ser”, “Não ser” e “Não ser agora e ser depois”. No caso de Hamlet, como sabemos, seria meio difícil essa afirmação, mas esqueçamos Shakespeare por enquanto, vamos falar de quem interessa: o dono do blog. Pelo menos aqui, quem manda sou eu!

     Agora que eu tenho uma terceira alternativa, o post perdeu o sentido, mas perai ai. Depois de tudo que eu escrevi? Eu não vou apagar essa merda não, vou postar assim mesmo to na terceira página do Microsoft Word com letra Calibri tamanho 12. To indo fazer a parte do youtube. Fui...



YouTube
     Bom, se tudo der errado, Agente vai levando (de Chico Buarque e de brinde “Samba para Vinicius” de Toquinho. Performance do caralho.) With A little help from my friends (dos Beatles só que com Joe Cocker cantando. A melhor versão que eu ja ouvi e provavelmente a melhor versão que você também ouviu. De 1969, no Woodstock)
     O pior que pode acontecer é se sentir Like a Rolling Stone

sexta-feira, 16 de abril de 2010

I got HAIR, readers!!

     Dia 14 de Abril, eu e meu pai fomos ao Gielgud Theater, em West End, assistir a peça Hair, que originou o filme dirigido pelo o diretor que eu mais gosto, Milos Forman. Apesar da alta qualidade da versão cinematográfica, Forman fez algumas drásticas mudanças no roteiro original. No filme Claude vem do interior dos EUA e na peça ele veio de Manchester, aqui na Inglaterra, mas para fazer sentido à música Manchester England no filme, Lafayette fica sendo como o que veio de Manchester, o que fica muito estranho quando o trecho dessa música é retomado no final do filme.
     Diferenças a parte, a versão teatral e cinematográfica discutem os mesmos pontos; liberdade, paz, amizade e cabelos compridos. Isso ficou muito bem exemplificado em ambas produções. No teatro, por exemplo, tinham alguns hippies que entraram na multidão com placas de protesto, seduziram a platéia e até beberam a água de um senhor perto de mim.

     Na última música, Let the sunshine in, eu estava sentado na última fileira e, como um rapaz inteligentíssimo que entendeu a mensagem da peça, logo quando os atores mandaram o pessoal subir no palco pra cantar também, sabendo que não ia ter espaço no palco, subi no encosto da poltrona e fiquei torcendo para não me expulsarem do teatro.

     Ah! O final também é diferente, mas esse eu não posso falar aqui. Se você estiver de bobeira em Londres, vale a pena dar um pulinho para ver Hair.




YouTube:

This time I got videos… and so I got life!

A que eu mais gosto: Aquarius. Com a Sasha Allen, essa mulé é do caralho!

E outra que não podia ficar de fora da playlist do hair

domingo, 4 de abril de 2010

Living in London

     Londres, uma cidade que te faz de residente e turista ao mesmo tempo. Uma cidade do mundo. É como se botasse pessoas de todo lugar do mundo numa jaula urbana. Do mundo inteiro, menos inglês. O que menos tem aqui é inglês nativo. Os ingleses se refugiam nas áreas com menos imigrantes violência. Mas enfim, Londres tem muito a ser explorada.


     Uma parada legal de se morar em Londres é sentar na biblioteca pública, pegar um livro do Sherlock Holmes, ler “Ontem, eu e Mr.Holmes pegamos o trem na Charing Cross Station...” e pensar “Caramba! Ontem eu estive lá! É aqui pertinho!”.

     Falando de Charing Cross, temos a rua onde ficam algumas das principais bookstores, teatros e cinemas de Londres; a Charing Cross Road. Sempre vai ter algo irado para tirar o seu dinheiro. Se você é um daqueles que fica puto quando não acha o livro que quer, tem a livraria Foyles, que tem cinco andares de livros à venda, e mais algumas bookstores relevantes que eu ainda não fui. Se você gosta de teatro, e é nesse ponto que eu queria chegar, você tá feito. Cada peça mais irada que a outra, a maioria de clássicos muito conhecidos como; Les Misérables, Billy Elliot, Mamma Mia, o famoso We Will Rock You, HairHairspray, Grease – Nos tempos da brilhantina, Priscila – A rainha do deserto e The Lion King da Disney. Todos esses, e mais alguns, estão, ou pelo menos estavam, em cartaz.

     Agora, se você não gosta de música, teatro, cinema, livros, apresentações de rua, se você não gosta de porra nenhuma, você pode ir ali à Piccadilly Circus, sentar e olhar em volta, porque com certeza você vai fazer algo.

     E isso tudo é porque eu só dei um pulinho no centro para comprar um livro para o meu avô. É a minha segunda vez aqui em Londres e estou vendo que, pra conhecer essa cidade bem, eu vou precisar de um bom tempo.





Youtube:

     Enquanto eu escrevia esse post, fui pesquisando nas peças, as que eu lembrava que estavam em cartaz, e fui vendo os vídeos nos respectivos sites, ou seja, faça o mesmo. Porém, eu separei aqui alguns dos vídeos que eu achei durante a minha caçada.

     Primeiro, só para fazer uma comparação entre o Rei Leão em desenho animado e o Rei Leão no teatro, ponho o trecho que deu o Oscar ao filme na categoria de Melhor Trilha Sonora e Melhor Canção Original; Can you Feel the Love Tonight.

     E da peça que eu quero ver, We Will Rock You.